A emblemática máquina criptográfica Enigma voltou aos holofotes em 18 de junho de 2025, quando um exemplar, mantido durante décadas por uma família do norte da Itália na mesma residência requisitada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial, foi arrematado na casa de leilões Aste Bolaffi por 95 mil euros – valor quase cinco vezes superior à base estabelecida em 20 mil euros, o que demonstra o fascínio duradouro que esse artefato ainda exerce sobre colecionadores de história militar e de memória postal.
Inventada pelo engenheiro alemão Arthur Scherbius, inspirada no disco cifrante de Leon Battista Alberti, a Enigma foi a primeira máquina eletromecânica que permitia, simultaneamente, criar e decifrar mensagens criptografadas. O modelo contém três rotores, um refletor e um visor escurecido para ocultar o código. Ao digitar uma tecla, o circuito elétrico era fechado. O sinal passava pelos contatos cruzados dentro dos rotores e retornava, graças ao refletor, alterando diversas vezes a letra à qual estava associado. O percurso terminava iluminando a letra codificada no painel. Após cada tecla pressionada, o giro dos rotores garantia um código diferente para a próxima letra. Com isso, nos modelos mais avançados, o número de combinações possíveis podia alcançar cerca de 159 trilhões.
Para nós, filatelistas, a notícia serve de excelente pretexto para revisitar um dos tributos postais mais relevantes à genialidade que decifrou tais engrenagens eletromecânicas: o selo polonês de 5 złoty emitido em 16 de agosto de 1983, assinalando o 50º aniversário da ruptura do código Enigma pelos matemáticos Marian Rejewski, Jerzy Różycki e Henryk Zygalski.
Posteriormente, no Reino Unido, Alan Turing e os estudiosos de Bletchley Park deram continuidade ao processo de decifração com contribuições decisivas.