Alphonse-Maria Mucha foi um pintor, cartazista, ilustrador, designer gráfico, desenhista de selos postais, bem como, um dos principais expoentes do movimento Art Nouveau, nascido em Ivančice, no então Império Austríaco, em 24 de julho de 1860.
Filho de Andreas Mucha, um oficial de diligências, Alphonse Mucha se interessou pelas artes desde criança. Com 11 anos começou a cantar no coro na Catedral de São Pedro em Brünn (atual Brno), capital da Morávia. Em 1877 não foi admitido na Academia de Belas Artes de Praga. Começou a pintar em 1882 como retratista, conhecendo seu primeiro mecenas, o Conde Khuen-Belassi. Graças a este patrocínio Mucha viajou pelo norte da Itália e conseguiu frequentar a Academia de Belas Artes de Munique.
É em 1888 que Mucha executou seus primeiros trabalhos de lustrações para revistas. Em 1892, juntamente com Georges Rochegrosse, ilustrou a obra Scénes et épisodes de l’histoire d’Allemagne, do historiador Charles Seignobos.
Sua primeira exposição individual ocorreu em 1897, organizada pelo Journal des Artistes na galeria La Bodinière, em Paris. Aceitou o convite de viajar para os EUA, em 1904, onde lecionou aulas de pintura em Nova York, Filadélfia e Chicago, sua intenção, com esta atividade, era guardar dinheiro para realizar o sonho de se dedicar a pinturas de teor patriótico da cultura eslava.
Mucha casou-se, com Marie Chytilová, em Praga, em 10 de junho de 1906, após conhecê-la em Paris. Da união resulta dois filhos, Jaroslava, nascida em Nova York e Jiří, nascido em Praga.
Entre seus trabalhos mais conhecidos estão os cartazes, em art nouveau, para os espetáculos da atriz Sarah Bernhardt realizados na França, de 1894 a 1900 e uma série chamada “Epopeia Eslava”, elaborada entre 1912 e 1930.
Seu último quadro foi “O Juramento de União dos Eslavos”.
Na seara filatélica, cabe destacar, que convidado pelo governo, desenhou entre 1918 e 1920 a maior parte dos selos postais e fiscais emitidos pela recém criada Checoslováquia.
Seu primeiro trabalho postal foi emitido em outubro de 1918, retratando o Castelo de Hradcany, localizado em Praga, construção que data do século IX. O artista explicou sua escolha de design nos seguintes termos:
“Cada nação tem um paládio próprio que incorpora a história passada e futura. Desde a minha infância senti e vi nas linhas arquitetônicas da Catedral de São Vito, construída tão perto do castelo, uma poderosa interpretação do nosso símbolo nacional. Eu não poderia, portanto, selecionar nenhum outro assunto para meu projeto além do Castelo de Hradcany e a arquitetura circundante da Idade Média.”
Simultaneamente, com a emissão que retrata a referida construção, foram lançados ainda selos de jornal não perfurados, também, desenhados por Mucha. Segundo o “Scott Standard Postage Stamp Catalogue” a emissão retrata um “windhover”, isto é, um pássaro com a rara capacidade de pairar no ar, voando no lugar enquanto procura sua presa.
Em 1919, o artista produziu selos destinados a custear o serviço de entrega especial, onde podemos ver duas pombas, trabalho idealizada no estilo art nouveau.
O último dos designs de Mucha para os correios é o selo designado “Direito ao Cálice”, produzido em 1920. A vinheta mostra um padre hussita segurando um cálice. O selo foi produzido com muito cuidado e as cores foram impressas em tons escuros. Logo após sua emissão os mesmos foram recolhidos devido à intervenção da hierarquia da Igreja Católica.
Em resumo, os selos postais que Mucha assinou apresentaram o máximo de características da Arte Nova, e conjugaram de forma feliz motivos vegetais, o grafismo e as cores então na moda (verde tília, turquesa, cinzento ultramar, lilás púrpura, folha morta, etc.).
O prolífico artista faleceu vítima de pneumonia em 14 de julho de 1939.
ET.: Hussita é um movimento reformador e revolucionário, o “Povo do Cálice”, que surgiu na Boêmia, no século XV. O nome vem do teólogo boêmio Jan Hus (1372-1415).
