Luís Gonzaga Pinto da Gama (1830 – 1882) foi um advogado, abolicionista, orador, jornalista, escritor brasileiro, bem como, o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil. Nascido de mãe negra livre e pai branco, foi contudo feito escravo aos 10 anos, e permaneceu analfabeto até os 17 anos de idade.
Para homenageá-lo a autoridade postal brasileira utilizou-se do poema Coleirinho, de sua autoria, que foi a inspiração para criar a composição que ilustra a vinheta do selo comemorativo, lançado no último dia 06 de dezembro, com tiragem de 96.000 exemplares.

(Carimbo Comemorativo)

A imagem, que conta com arte de Antonio Obá, apresenta a efígie do homenageado, acompanhada por dois pássaros em pleno voo. Tais pássaros, assim chamados coleirinhos, são uma metáfora do homem que, privado da liberdade chora, escravo, na gaiola, exilado da presença dos seus entes, da sua terra. O Coleirinho, curiosamente, é caracterizado por uma predominantemente preta, com algumas penas brancas que se assemelham a uma coleira volteando seu pescoço; o coleirinho preto, preso pelo pescoço a uma hipotética corrente branca, traz à tona a própria imagem metaforizada do homem negro escravizado pela mão branca. No entanto, procurando se distanciar de uma simbologia que fustigue um passado de dor e exploração e não consiga vislumbrar um horizonte no qual o conhecimento histórico e a superação pessoal dê margens à emancipação coletiva, a imagem propõe certo revisionismo e posicionamento crítico ante a história, encontrando na figura de Luiz Gama o figura exemplar desse homem negro que reconhecendo as complexidades sociais das quais foi vítima, mas não se curvou reverente e impotente ante elas. Aprendeu a ler, tornou-se escritor e, por fim, corajoso advogado abolicionista. Nesse último caso, uma essencial consonância: O advogado, em seu ofício, liberta pela voz, pela eloquência e discurso. Tais características dão um conciso desfecho para a ilustração, onde os coleirinhos, tão atribuídos à liberdade, por seu voo e canto, desatam o nó da garganta de Luiz Gama, como se esse, agora liberto, pudesse anunciar aos seus iguais, com sua voz e grito: LIBERDADE!

(Postagem atualizada em: 22/XII/2023)

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