Antes de termos smartphones, qualquer tipo de comunicação tinha que servir. Havia telégrafos e rádios, que porém eram grandes e repleto de fios. E, na verdade, ainda os seres humanos costumavam usar: pombos-correios! Isso não é um mito, consoante já abordamos aqui no Blog, e essas aves foram realmente utilizadas, por diversos países, no curso da Primeira Guerra Mundial.

As soluções eletrônicas ainda não eram tão confiáveis quanto os pássaros, e a guerra exigia muitas instruções que eram trocadas constantemente entre comandantes e comandados.

Mais de 100.000 pombos foram empregados durante a Primeira Guerra Mundial, com uma taxa de sucesso de 95% na entrega de mensagens de A a B. Essas aves eram, portanto, fantasticamente precisas, podemos afirmar, sem medo de errar.

(Carimbo Comemorativo)

Um dos acontecimentos mais marcantes deste conflito mundial, envolvendo pombos-correios, estava contido no drama vivido pelo batalhão dos Estados Unidos liderado pelo major Charles W. Whittlesey, que ganhou o nome de “Batalhão Perdido”. Esta denominação deu-se ao fato de 9 companhias da 77.ª Divisão, com cerca de 550 homens, ficaram isoladas pelas forças alemãs na Floresta Argonne, na França, em 03 de outubro de 1918. Aproximadamente 197 deles foram mortos em combate em 6 dias, sendo que mais de 150 desapareceram antes que eles pudessem ser resgatados.
Por incrível que pareça, quem salvou o batalhão da dizimação completa foi “Cher Ami”, um dos quase 600 pombos-correio utilizados pelo US Army Signal Corps durante a Primeira Guerra Mundial.

(Pombos Correios Militares)

Os pombos, cabe considerar, podem voar a cerca de 80 km/h e, apesar do risco serem interceptados pelo inimigo, eles eram eficientes, como já afirmamos precedentemente.

(Pombos-correios Militares)

Foi exatamente por isso que os alemães treinaram para localizar e matá-los com suas metralhadoras MG 08, que disparavam mais de 500 tiros por minuto.
Em 04 de outubro daquele ano, enquanto o “Batalhão Perdido” estava preso em meio a um intenso fogo cruzado atrás das linhas alemãs nas encostas de uma colina, sem reforços e suprimentos, e muito além do alcance do rádio, a única maneira que Whittlesey encontrou de se comunicar com as próprias linhas era através de um pombo-correio.
“Cher Ami” foi o último pássaro vivo do batalhão, visto que os alemães haviam, em meio a insanidade do conflito, destroçados todos os outros com sua artilharia antes mesmos de eles pensarem em usá-los para alguma coisa. O major prendeu um bilhete na pata do pássaro que dizia:

“Estamos na estrada paralela à 276.4. Nossa própria artilharia está atirando diretamente sobre nós. Pelo amor de Deus, parem com isso!”.

O pombo-correio voou direto através do fogo alemão, desviando de todas as centenas de balas que choviam sobre ele enquanto avançava. No entanto, “Cher Ami”, segundo é narrado, foi lamentavelmente atingido, ainda às vistas dos americanos, e desabou no solo. Contrariando todas as probabilidades, a ave se levantou e voou novamente, apesar dos ferimentos. O animal atravessou mais de 40 quilômetros, num voo de aproximadamente 30 minutos,  chegando à base americana em estado grave.
Os médicos conseguiram salvar a vida de “Cher Ami”, que havia ficado cego de um olho e tinha uma das pernas presa ao corpo por um fio. Mas a mensagem ainda estava atada nele, e foi por causa do pombo-correio que eles pararam de atirar e assumiram novas coordenadas. Em 08 de outubro, os 194 soldados sobreviventes do “Batalhão Perdido” conseguiram voltar às linhas americanas graças ao sacrifício de “Cher Ami”.

(Cher Ami)

O famoso pássaro foi premiado com a Croix de Guerre, uma das maiores honrarias militares por sua bravura em campo, e seu cadáver foi preservado após a sua morte. Em 2018, “Cher Ami”, foi retratado num selo postal emitido por St. Vincent & The Granadines, como podemos ver acima.

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