Em 30 de abril os Correios da Eslováquia (Slovenská pošta) colocaram em circulação um único selo de € 2,40 para a série EUROPA 2025 – cujo tema comum é “Descobertas Arqueológicas Nacionais”. A peça, impressa em offset pela Tiskárna Hradištko e criada pelo artista Peter Nosáľ, mede 44,1 × 26,5 mm e pode ser adquirida tanto em mini folha com oito selos quanto em caderneta com seis selos auto adesivos.
O motivo ilustrado remete às escavações conduzidas entre 2008 e 2014 na colina do Castelo de Bratislava, onde funcionou a acrópole de um oppidum celta no fim da Idade de La Tène (século I a.C.). Ali os arqueólogos encontraram arquitetura em pedra de perfil “celto-romano”, erguida para a elite local, inclusive um raro pavimento opus signinum com desenho de tapete floral – técnica típica da República Romana que, até então, só aparecia em sítios do Mediterrâneo. No total, surgiram sete edificações desse complexo, três delas hoje preservadas e expostas in situ, além do próprio piso decorado.
O Edifício I, milagrosamente poupado pelas reformas do século XV, repousa sob o Salão de Equitação de Inverno. Em 2009 foi lá que veio à luz um tesouro de 22 estáteres de ouro e moedas de prata com as inscrições BIATEC e, pela primeira vez, NONNOS, acondicionados em fragmentos de um jarro helenístico; ao lado estavam os vestígios de uma caixa de lacre de bronze do tipo Alesia, empregada para selar documentos. As peças originais estão na mostra “Celts from Bratislava”, no próprio castelo, enquanto cópias podem ser vistas na exposição “The BIATEC: Celtic Mint” da Galeria Municipal de Bratislava (Panská 19).
O melhor conservado do conjunto é o Edifício II, provavelmente residência de um comerciante de artigos de luxo. Além de cerâmica celta e objetos metálicos decorativos, os pesquisadores encontraram bens importados: ânforas de vinho e azeite da Itália, um lingote de latão de 12 kg, sineta de bronze, vidro, folhas de ouro, âmbar do Báltico e diversas moedas. Já o imponente Edifício VII, junto ao baluarte oeste, exibe muros de 17 m reforçados por dois pilares maciços e teria funcionado como armazém dessas mercadorias valiosas; seus alicerces podem ser observados no foyer em frente ao Salão de Equitação.
Esses achados comprovam que a elite celta de Bratislava já estava romanizada no século I a.C., quando o Limes Romanus ainda não se fixara às margens do Danúbio. A circulação de moedas de ouro e prata, o consumo de vinho e azeite mediterrâneos e a presença de âmbar norte-europeu revelam um estilo de vida sofisticado sustentado por amplas redes de comércio. A arquitetura de pedra, erguida provavelmente entre 50–40 e 30–20 a.C., foi destruída poucas décadas depois, possivelmente em consequência de invasões germânicas vindas do norte.
O novo selo sintetiza essa narrativa ao retratar o pavimento opus signinum e símbolos do tesouro monetário, ligando arte, arqueologia e história numa única imagem.