No dia 09 de maio recém passado, a Pošta Slovenije lançou uma emissão composta por dois selos (com valores faciais de €1,79 e €2,06), ambos apresentados em mini folhas contendo oito selos e uma vinheta decorativa. A emissão destaca dois achados arqueológicos de importância singular, refletindo a rica tapeçaria cultural e histórica da região onde hoje se encontra a Eslovênia.

(Envelope de Primeiro Dia – FDC)

O primeiro selo retrata a Estatueta de Bronze de Apolo, uma peça de 11,5 cm encontrada no leito do rio Ljubljanica, nas proximidades da vila de Blatna Brezovica. A figura masculina nua, com penteado típico das representações helenísticas de Apolo, apresenta um colar que remete à tradição celta, destoando das convenções clássicas. A postura do corpo e a posição dos braços remetem a artefatos ítalo-etruscos. Estima-se que a estatueta tenha sido produzida no nordeste da Itália ou em suas regiões adjacentes, durante o processo de romanização das áreas de Vrhnika e Liubliana, entre meados e o final do século I a.C. Provavelmente, trata-se de uma representação do deus pré-romano Belenus, mais tarde identificado como Apolo Belenus na era romana. Sem imagens conhecidas desse deus celta, esta estatueta pode ser uma das poucas – senão a única – representações materiais de sua figura, tendo sido possivelmente lançada ao rio como uma oferenda votiva.

O segundo selo homenageia um artefato fascinante: uma fíbula com representação de um centauro arqueiro, descoberta no cemitério de Brda, próximo a Bled. Essa joia em bronze folheado com núcleo de ferro pertence ao período carolíngio (séculos VIII-IX) e destaca-se não apenas pela qualidade de execução, mas sobretudo pela imagem do centauro com arco. A figura remonta à astrologia babilônica e simboliza o signo de Sagitário. Por meio da arte egípcia e romana, a imagem foi absorvida na iconografia medieval cristã. Ainda é um mistério como uma peça com esse motivo foi parar num túmulo eslavo, embora se suponha que tenha sido inspirada em manuscritos iluminados. Para os povos eslavos da época, recém-convertidos ao cristianismo, a imagem possivelmente evocava Perun, o deus do trovão, figura pagã suprema, que também podia ser representado como um guerreiro montado com arco ou raio em punho.

Essa emissão, que integra a série Europa de 2025, não apenas oferece uma viagem no tempo por meio da filatelia, como também ilustra a confluência entre mitologias greco-romana, celta, cristã e eslava, marcada em objetos de pequena escala, mas imenso valor simbólico.

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