O ‘hobby’ filatélico proporciona ao homem uma verdadeira higiene mental. Uma fuga psicológica do mundo terráqueo para o além, numa levitação compensadora.
Quando cuidamos dos nossos selos, no silencio de quatro paredes, fugimos das dores físicas e morais, dos fantasmas, fugimos de nós mesmos numa ausência benfazeja, num repúdio inconsciente às coisas que nos desgostam.
O alheamento constitui aí uma das terapêuticas mais revolucionárias para todos nos que vivemos atolados no turbilhão das cidades modernas. Esse recolhimento no selo da tarja colorida, muitas vezes, equivale a umas férias do consciente atribulado. Umas férias sem diárias, sem sair da própria cela também.
Lander dizia:
“para muitos pacientes que me tem procurado e que verifiquei ser sua enfermidade maior a de ter algo a fazer, prescrevi a Filatelia como uma fórmula capaz de lhes permitir viver mais dez anos pelo menos”.
Os psiquiatras recomendam a todos colecionar algo a fim de acalmar os nervos e com isso evitar os infartes. Os mestres consideram-no um meio de adquirir cultura. As companhias de seguro afirma que os colecionadores vivem mais que os outros. Os peritos em conselhos matrimoniais dizem que o colecionador pode ser marido fiel, pois a sua coleção o distrai das aventuras extraconjugais.
Se depreende, então, que além de tarifa postal o selo tem uma nova e grandiosa função, não só estática, mas dinâmica na vida social e moral de toda humanidade.
(FONTE: Jornal ‘Pioneiro’ de Caxias do Sul/RS – publicado em 11 de abril de 1964)