No dia 08 de maio passado, a autoridade postal de Gibraltar lançou a emissão filatélica, objeto desta resenha, composta por dois selos (nos valores de 1,96 e 3,16 libras esterlinas) e um bloco comemorativo, contendo os mesmos valores faciais. Os selos estão disponíveis em mini folhas com seis unidades cada e prestam homenagem a um dos capítulos mais fascinantes da arqueologia humana: os crânios de Neandertal encontrados em Gibraltar.

O primeiro crânio, conhecido como Gibraltar 1, ou Crânio de Forbes’ Quarry, foi descoberto em 1848, na face norte do famoso Rochedo de Gibraltar. Curiosamente, esse achado ocorreu oito anos antes da célebre descoberta no Vale de Neander, na Alemanha, que daria nome à espécie. Tratava-se de uma fêmea adulta, com traços típicos dos Neandertais, como o arco superciliar proeminente, o crânio alongado e a constituição robusta. É, até hoje, considerado um dos exemplares mais bem preservados da espécie. Em 1926, um segundo crânio foi encontrado na Caverna da Torre do Diabo (Devil’s Tower Cave), nas proximidades. Chamado de Gibraltar 2, pertencia a uma criança e ajudou a aprofundar o conhecimento sobre o crescimento e o desenvolvimento dos Neandertais.

As cavernas de Gibraltar, especialmente a Caverna de Gorham — hoje reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO —, revelaram uma riqueza impressionante de vestígios deixados pelos Neandertais: ferramentas, lareiras, restos de alimentos e até uma intrigante gravura em padrão cruzado, interpretada por alguns estudiosos como sinal de comportamento simbólico ou artístico. Pesquisas recentes, baseadas em análises isotópicas de restos encontrados em Gorham’s Cave, revelam que esses Neandertais tinham uma dieta diversificada, incluindo recursos marinhos, como moluscos, peixes e focas, além de vegetais assados. Isso desafia a visão ultrapassada de que se alimentavam apenas de grandes animais terrestres, demonstrando que eram seres adaptáveis, inteligentes e dotados de estratégias complexas de sobrevivência.
Essa emissão filatélica não apenas destaca a relevância científica dos achados de Gibraltar, como também celebra o papel crucial da região na compreensão da pré-história humana.

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