Violeta del Carmen Parra Sandoval (San Carlos, 04 de outubro de 1917 — Santiago do Chile, 05 de fevereiro de 1967) foi uma destacada cantora e compositora chilena, bem como, um dos ícones da canção protesto latino-americana, nos anos 1960. Entre seus grandes sucessos está a música “La Carta“, uma composição de sua autoria, escrita entre 1961 e 1963, quando morava na França.

Nesta canção popular vemos, outra vez mais (noutras portagens abordamos canções com referências postais: “Mensagem” de Isaurinha Garcia e Pombo-correio de Gilberto Martins), a importância da carta na vida das pessoas. Abaixo segue transcrita a letra, deste trabalho de Violeta, com uma tradução livre para o português, seguido de um antigo arquivo sonoro, reproduzido aqui com finalidade meramente didática, sem qualquer objetivo comercial:
La Carta Me mandaron una carta por el correo temprano en esa carta me dicen que cayó preso mi hermano Y sin compasión con grillos por las calles lo arrastraron Sí La carta dice el motivo que ha cometido Roberto haber apoyado el paro que ya se había resuelto Si acaso esto es un motivo preso voy también sargento Sí Yo que me encuentro tan lejos esperando una noticia me viene a decir en la carta que en mi patria no hay justicia Los hambrientos piden pan los molesta la milicia Sí Habrase visto insolencia barbarie y alevosía de presentar el trabuco y matar a sangre fría Hay quien defensa no tiene con las dos manos vacías Sí La carta que me mandaron me pide contestación yo pido que se propale por toda la población Que el león es un sanguinario en toda generación Sí Por suerte tengo guitarra y también tengo mi voz también tengo siete hermanos fuera del que se engrilló Todos revolucionarios con el favor de mi Dios Sí… Sí |
A carta Me mandaram uma carta Pelo correio matutino Nessa carta me dizem Que foi preso meu irmão E sem compaixão com correntes Pelas ruas o arrastaram Sim A carta diz o motivo Que cometeu Roberto Ter apoiado a greve Que já tinha sido resolvida Se, por acaso, isto é um motivo Preso vou também, sargento Sim Eu, que me encontro tão longe Esperando uma notícia Vêm me dizer na carta Que em minha pátria não há justiça! Os famintos pedem pão A milícia os perturba Sim Terão visto insolência barbárie e traição de apresentar o trabuco e matar a sangue frio! Há quem defesa não tem com as duas mãos vazias! Sim A carta que me mandaram pede uma resposta Eu peço que se propague por toda a população Que o leão é um sanguinário em toda geração! Sim Por sorte tenho violão e também tenho minha voz! Também tenho sete irmãos fora o que foi acorrentado Todos revolucionários com o favor de meu Deus! Sim… Sim! |
Nota: Esta canção, cabe considerar, não foi publicada em nenhum dos álbuns lançados, em vida, por Violeta Parra. A mesma, como já dissemos, faleceu em 1967 e o álbum “Canciones reencontradas en París”, que tem dentre suas faixas a música objeto desta postagem, foi lançado apenas em 1971.
Cabe lembrar, igualmente, que esta música notabilizou-se de fato na voz da Argentina Mercedes Sosa, sendo por ela gravada também em 1971, como parte integrante do álbum “Homenaje a Violeta Parra”.