Enquanto uma tímida primavera se insinua na cidade, os fantasmas do passado voltam para ajustar contas pendentes, como últimos sussurros de um inverno teimoso. Que abril seja o mais cruel dos meses, o inspetor Davide Pardo, para quem nada dá certo, descobre numa manhã no balcão do seu bar habitual, deparando-se com o vice-comissário Angelo Fusco. Abatido e enfraquecido fisicamente, o antigo superior de Davide parece um espectro. Ele ressurge das sombras de dias distantes porque precisa de um favor. Antonino Lombardo, um detento que está à beira da morte, pediu para encontrá-lo e ele precisa conseguir uma audiência. O procedimento não é nada ortodoxo, o ritual do café das onze horas foi por água abaixo: assim, há todos os motivos para hesitar. E de fato, Pardo hesita. Hesita, erra, e acontece um desastre …

Este é o enredo no qual se desenrola o conto epistolar de Maurizio De Giovanni, intitulado “Una lettera per Sara” (Uma Carta para Sara, numa tradução livre), que leva o selo da editora Rizzoli (336 páginas, 19,00 euros).
Sequencialmente, na trama do livro, para remediar o estrago, o policial procura Sara Morozzi, a mulher invisível que lê lábios e interpreta a linguagem corporal, ex-agente da unidade mais secreta dos Serviços. Após tanto sofrimento, uma estação serena finalmente chegou à vida de Sara, agora que Viola, a companheira do seu filho falecido, lhe deu um netinho. Contudo, o nome de Lombardo é como o sopro de um vento gelado que atinge traiçoeiramente no calor de abril, fazendo emergir memórias que seria melhor esquecer.

(Maurizio de Giovanni)

Nesta viagem de volta ao passado, o autor, consoante destaca a editora:

“desenrola o fio da investigação mais perigosa, aquela que escorrega nos territórios insidiosos da memória coletiva e criminosa de um país inteiro, para desvendar o mistério de quem pensamos ser e descobrir quem realmente somos”.

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