Trata-se de um livro, muito bem ilustrado diga-se de passagem, totalizando 216 páginas, da lavra dos historiadores Didier Guivarc’h e Alain Croix que aborda a memória dos dois conflitos mundiais (Primeira e Segunda Guerra Mundial) a luz da filatelia, publicada pela Rennes University Press, em dezembro de 2016.
O selo postal é indiscutivelmente uma fonte material e histórica, porque é “um vetor de propaganda” … e uma fonte de memórias, como evidenciado por Valéry Giscard d’Estaing (em seu relatório sobre o selo de René Caillé, publicado em 1939).
O selo postal:
“foi provavelmente a primeira imagem globalizada e quase a única antes da difusão maciça do cinema e depois das imagens de televisão “. (Numa tradução livre)
Os selos, emitidos nos quatro cantos do mundo, mostram diversos aspectos dos conflitos mundiais, tais como, o nacionalismo, a Resistência, os massacres de civis, os campos de concentração, as ideologias, dentre outras facetas. A obra sublinha ainda, por exemplo, o extraordinário silêncio, não só filatélico, durante o meio século que se seguiu à descoberta dos campos de extermínio e o longo tempo necessário para que os formuladores de políticas e a opinião pública se conscientizassem plenamente da escala e da gravidade do genocídio.
Considerando ainda os diversos países emissores, selos japoneses, por exemplo, acabam se aproximando da Segunda Guerra Mundial em 1999-2000. A guerra pode ser resumida, na visão postal japonesa, em Pearl Harbor e na sua via crucis marcada por: o kamikazes, Hiroshima, Nagasaki e a rendição. Obviamente e logicamente, segundo os autores, encontramos nos selos a visão revisionista da guerra que continua a prevalecer no Japão de hoje.
Em resumo, a título de conclusão, na visão deste importante trabalho, o selo postal, como outros meios de comunicação, “dá uma imagem incompleta das guerras”, ele traduz entretanto, escolhas “emissores, poder” e se torna um documento valioso “para entender a construção das memórias”.
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