Quando era cônsul em Vigo, na Espanha, no século XIX, o escritor Aluísio Azevedo (1857-1913) recebeu um pedido de selos por parte do filatelista brasileiro Dr. Rodrigo Octávio, então ministro do Supremo Tribunal Federal. A este pedido o renomado escritor respondeu com os seguintes versos:

Pedistes selos? Pois selos
Tereis os que apetecerdes,
Encarnados, amarelos,
Azuis, roxos e verdes;

Tê-lo eis grandes, pequenos,
A farta postos à escolha
Uns melhores, outros menos,
Uns velhos, outros em folha.

Mandar prefiro os antigos,
De velhos, cansados povos
Pois os selos, como amigos,
Mais valem velhos que novos.

Tê-lo eis dos mais legítimos
desde o tempo dos Henriques,
Em réis, centavos, cêntimos,
Em shillings e peniques.

Tê-lo eis com vários bustos
Tê-lo eis de vários anos,
De imperadores vetustos
E chefes republicanos.

Tê-lo eis de vários gostos,
Firmados em línguas várias,
Mostrando diversos rostos
De personagens lendárias

Rostos de moços e velhos
Que humilde povos incensam,
E de importantes fedelhos
que já reinam e ainda não pensam;

De rainhas primitivas
Que a nós só contam da História
E de outras que estão bem vivas
Como a grande rainha Vitória;

De Colombo e sua roda,
De Santo Antônio e do Papa.
Pois, depois de selo é moda
Já ninguém de selo escapa.

Apesar receio, amigo,
Que à força de mandar selos
Fique eu doido e vós comigo
à força de recebê-los.

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