O selo postal, que ilustra a chamada da presente postagem, emitido para comemorar o ano do porco, estampa o desenho de uma família feliz de suínos, composta pelo casal e seus três filhotes. O advento desta emissão acabou por despertar, no seio da sociedade chinesa, o debate sobre a possibilidade do governo daquele país flexibilizar ainda mais sua política de planejamento familiar.
Muitos chineses tomaram o desenho como um gesto oficial de que o governo de Beijing quer promover famílias maiores na população chinesa, de acordo com várias postagens publicadas na Weibo, a mais importante rede social local.
Em 2016, o governo chinês fez uma primeira flexibilização nas regras e permitiu que casais urbanos tivessem dois filhos, substituindo a política de filho único, praticada desde 1979. O anúncio oficial da medida foi precedido por um selo postal emitido quatro meses antes (acima reproduzido), em que dois macacos aparecem ao lado de dois filhotes.
Coincidência ou não, o novo Código Civil da China, que ficará, segundo as autoridades, pronto em 2020, permitirá que os casais tenham quantos filhos quiserem, inclusive três, como o casal de porquinhos mostrado no selo. Segundo anúncio divulgado pelo Partido Comunista da China, a nova lei não incluirá restrições relevantes ao planejamento familiar.
Em comentário publicado na citada rede social, um usuário afirmou que:
“A julgar pelo desenho do novo selo, podemos supor que a China está encorajando as pessoas a terem três filhos em 2019. A medida é uma atitude para prevenir uma redução futura na mão de obra”.
A emissão do selo da família suína, embora sutil, no entender de Yi Fuxian, cientista da Universidade de Wisconsin-Madison, em manifestação exarada ao Wall Street Journal é:
“um sinal claro de que eles abandonarão todas as restrições ao nascimento”
Desde 2017, pessoas com 60 ou mais anos somam cerca de 16,2% da população chinesa, comparado aos 7,4% que representavam em 1950, de acordo com estatísticas da ONU. A política de filho único, imposta pelo estado, foi eficiente e diminuiu com sucesso a taxa de natalidade e por consequência diminuiu o crescimento populacional da China, só que agora a um nível mais baixo que a média mundial, levando as autoridades chinesas a se preocuparem com o envelhecimento da população e com as taxas de natalidade.
Também é possível que o novo selo não queira significar absolutamente nada relacionado ao assunto, vez que o mesmo serviço postal chinês já lançou outro selo em comemoração ao ano do porco em 2007, onde vemos uma mãe suína e seus cinco filhotes, sem que isso se desdobrasse em mudanças nas políticas estatais de natalidade.