Em agosto de 2014, o governo egípcio anunciou que planejava construir um novo Canal do Suez, lado a lado com o antigo canal, num investimento de elevada monta. Pouco depois da divulgação deste fato, o presidente dos Correios do Egito, Sr. Ashraf Gamal El Din declarou que seria criada uma série de selos comemorativos para celebrar este grande empreendimento. Até aí tudo muito certo! Mas quando as primeiras imagens dos selos começaram a circular nas redes sociais (veja a imagem que ilustra a chamada desta postagem) formou-se um grande mal estar nacional, que mão era motivo de orgulho para o povo, tendo em vista uma grosseira confusão. Veja as imagens abaixo:

O fato era que os designers postais tinham trocado a imagem do canal Suez usando no local o projeto do canal do Panamá, que fica localizado na América Central. Veja atentamente os conjuntos lado a lado:
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Não podemos perder de vista que o canal do Suez, com os seus 145 anos de história, é motivo de orgulho nacional, especialmente desde que deixou o controlo colonial britânico, em 1956.
Mas o novo projeto não principiou, como vimos, no melhor estilho.

Por um lado, o selos comemorativos não apresentaram ao mundo, uma imagem real. Por outro, milhares de pessoas acabarão sendo forçadas a abandonar o local onde vivem para darem lugar a nova obra de 72 quilômetros que permitirá uma circulação em ambos os sentidos, em cerca de metade da sua extensão (162,5 quilômetros).

Estabelecendo uma ligação entre o mar Mediterrâneo e o mar Vermelho, o canal do Suez é um importante meio de comunicação entre a Europa e a Ásia, porque elimina a necessidade de viajar ao largo da África do Sul – tarefa árdua que os descobridores portugueses souberam contar. Além disso, é uma fonte de rendimento importante para o Egito – que tem um ganho anual de fantástico e que mais do duplicará, em 2023. Ao longo dos próximos anos, pelo menos 20 empresas egípcias estarão envolvidas no projeto, mas sempre sobre supervisão militar por questões de segurança nacional.
De acordo com o jornal egípcio Youm7, numa primeira fase, desta confusão postal, os responsáveis governamentais chegaram a negar a emissão destes novos selos afirmando que as imagens publicadas na imprensa eram falsas e que tinham sido retiradas da internet e depois alteradas no Photoshop.
Após vários artigos e cartoons na imprensa, brincando com a situação, o ministro das comunicações, Atef Helmy, decidiu criar um comitê de apuração dos fatos e finalmente determinou que a produção dos novos selos fosse imediatamente interrompida. Desta ação surgiu um novo designer com a imagem correta que foi efetivamente emitida pelos correios egípcios. Ocorre entretanto, que no ebay, por exemplo, é possível adquirir o selo emitido, bem como, o com gravura equivocada.
Nos anos seguintes outros selos retrataram o tema, como vimos aqui, nas reproduções.
Esta entretanto não foi a primeira gafe em um selo egípcio celebrando o Canal de Suez. Em 1956, um pequeno mapa em um selo de 10 milleme (Scott 386 – reproduzido abaixo) tem o canal que se liga com o Lago Manzala. Geograficamente, o canal não se conecta com o lago, como é mostrado neste selo.