O Memorando de Budapeste sobre Garantias de Segurança é um marco na história das relações internacionais. Trata-se de três acordos políticos idênticos assinados em 5 de dezembro de 1994, durante a conferência da OSCE em Budapeste, Hungria. Esses acordos foram criados para garantir a segurança da Bielorrússia, do Cazaquistão e da Ucrânia, em troca da adesão ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
O memorando foi assinado pelas três potências nucleares da época – a Federação Russa, o Reino Unido e os Estados Unidos – com a promessa de não ameaçar ou usar força militar ou coerção econômica contra os países signatários, exceto em legítima defesa ou de acordo com a Carta das Nações Unidas. Outras potências nucleares, como a China e a França, emitiram garantias individuais, mas com menos abrangência. Graças ao memorando e outros acordos, entre 1993 e 1996, a Bielorrússia, o Cazaquistão e a Ucrânia renunciaram às armas nucleares que herdaram após o colapso da União Soviética, transferindo-as para a Rússia.
Apesar das promessas, a implementação dessas garantias foi amplamente questionada, especialmente após a invasão russa a ucrânia.
Nesse contexto, o diretor-geral do Ukrposhta, autoridade postal ucraniana, Igor Smelyansky, trouxe à tona uma proposta provocativa e emblemática. Ele sugeriu, em seu canal no Telegram, a emissão de um selo postal para 2025, inspirado em uma frase do presidente Volodymyr Zelensky sobre o Memorando de Budapeste.
Smelyansky comentou:

“Amigos, enquanto vocês estão votando no selo mais bonito de 2024, já estamos pensando nas primeiras emissões de 2025. E, depois da entrevista do presidente, pensamos: por que não continuar a série do ‘navio militar russo‘ com um selo sobre o Memorando de Budapeste?”

A ideia acompanha um projeto gráfico: o selo apresenta os líderes que assinaram o memorando em 1994 – Boris Iéltsin (Rússia), Bill Clinton (EUA) e Leonid Kuchma (Ucrânia) – acompanhados de uma ilustração de Zelensky com uma expressão insatisfeita. Abaixo, foi inserida uma frase contundente, proferida pelo presidente ucraniano durante uma recente entrevista ao blogueiro americano Lex Fridman. Nessa entrevista, Zelensky criticou duramente o acordo de 1994, referindo-se a ele como “apenas um pedaço de papel”. Ele ainda destacou que, em 2014 e 2022, a Ucrânia tentou iniciar consultas com os países signatários, mas foi ignorada.
A proposta do selo, na mesma linha do que mescla história e crítica política, reflete não apenas o contexto atual sob o ponto de vista ucraniano, mas também o impacto duradouro das decisões tomadas na década de 1990.

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