“Agora estou trabalhando com outro modelo, um carteiro de uniforme azul, adornado com ouro, um grande rosto barbado, muito parecido com Sócrates.” (Van Gogh em carta a Theo)
Pouco depois de chegar a Arles, na França, em 1888, o pintor Vincent van Gogh …
… conheceu o carteiro Joseph-Etienne Roulin, tornando-se seu amigo íntimo. Os dois moravam na mesma rua. Ele é mencionado frequentemente em sua correspondência, segundo evidências históricas.

No universo de seu trabalho chegou a pintar cinco retratos de Roulin. O artista holandês desejava basicamente infundir em seu personagem sua própria compreensão e reação.
Ao ponto de escrever a seu irmão Theo:
“Não sei se posso pintar o carteiro como eu o sinto…”
Incontestável portanto, o fato de que o impacto da personalidade do Carteiro sobre van Gogh foi algo evidente e indiscutível.
Nesta famosa obra pintada, em agosto de 1888, pode-se segundo escreve Cassandro Davi Emer (no web site tompuro), observar o personagem (carteiro) na posição agressiva de sua cabeça, com um olhar direto e penetrante, bem como, apresentando mãos nervosas.
No ano anterior em Paris (1887), van Gogh abandonara a tonalidade contida, que lhe vinha impregnado da Escola de Haia, e passou a adotar a técnica de cor e pinceladas características dos mestres impressionistas.
Não menos importante, no amadurecimento de seu estilo, foi a influência das gravuras japonesas, não podemos olvidar.
As cores claras e positivas e os traços lisos e ousados atraíam-no como meio de realizar nova forma de expressão, vigorosa e deliberadamente primitiva.

Em consequência, na pintura objeto desta postagem, van Gogh fez do carteiro um personagem alto e imponente, que enche toda a tela.
O uniforme do carteiro é azul, com botões dourados em destaque e, como faria Sharaku, van Gogh o colocou sobre um fundo mais claro, deveras contrastante. Sem dúvida um quadro impactante, tendo como sujeito um personagem postal (o carteiro) e contando com uma farta reprodução em material filatélico, como se vê.