Nenhuma das atividades humanas escapa as condutas burlescas de alguns, sendo que no universo da filatelia também verificamos prática ilícitas. Como já demonstramos aqui no Blog, aos apresentarmos as obras dos falsários Founier, Sperati e Torres, há quem tente imitar os selos para não pagar o seu valor a autoridade postal ou vendê-los para obter lucro, enganando o filatelista. A primeira falsificação conhecida, pelo que se tem notícias, ocorreu em território espanhol, apenas uma década depois que os primeiros selos postais foram colocados em circulação na Inglaterra e menos de quatro meses depois que os selos postais começaram a ser usados ​​na Espanha.
Exatamente 02 de abril de 1850, as autoridades postais descobriram em Orihuela (Alicante), várias cartas franqueadas com selos falsos. Pouco depois, os culpados foram presos. Estamos nos referindo ao gravador Francisco Javier Martínez y Amorós, denominado Ballena; e aos seus cúmplices, o impressor Vicente Pastor Trigo e um carteiro chamado Francisco Gomís y Lladó. A mesquinhez de Ballena o denunciou, quando tentava enviar uma carta a Gomís, com um de seus próprios selos falsos. As sentenças (prolatada em 29 de abril) impostas no julgamento a Martínez e Pastor foram de 5 anos de prisão além do pagamento de uma multa equivalente a 500 dólares. Gomís conseguiu escapar da prisão após pagar fiança, sem porém conseguir continuar trabalhando como carteiro.
O ente postal verificou que não havia mais falsificações e ordenou a destruição sumária dos selos apreendidos, com exceção de um de 6 quartos, que foi apensado ao arquivo judicial. Este item, conhecido como “Alicantino”, com o tempo se tornou um valioso artigo de colecionador, uma peça estrela da filatelia espanhola, sendo leiloado em 15 de novembro de 2018, por Soler y Llach, por um total de 125.000 euros.
Cabe, antes de concluir, considerar que o “Alicantino” é uma falsificação grosseira do preto de seis quartos de 1850, que podemos ver na imagem destacada. O gravador Pastor Trigo utilizou, neste trabalho, um quadrado de cobre com dez selos do gravador Martínez y Amorós.
Os selos falsos foram colocados em circulação pelo carteiro e seis dias depois, o gravador da Fábrica Nacional de Selos, Bartolomé Coromina, comunicou, após examinar o selo forjado, que pretendia imitar o selo original, que se tratava de uma reprodução tão grosseira que poderia facilmente ser distinguido do legítimo.

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